O que você diria a ele se tivesse coragem? Eu criei essa coragem um dia. Escrevi e mandei para ele. Mas eu não lembro se fui totalmente sincera. Se disse realmente tudo. Duvido que eu tenha dito. Mentir é fácil, agora falar a verdade sem esquecer de nada, é complicado. Nunca fui sentimental, nem com amigos, nem com amigas, nem com paqueras. Sou durona. Sou baixinha, magrinha e aparento ser bem mais nova. E quando eu digo bem mais nova, não são só 2 ou 3 anos mais nova. Mas uns 8. Pareço uma criança indefesa, tanto é que sempre aparece alguém pra me defender, me proteger. Não gostava disso, agora gosto. E aqueles que dizem que baixinhas são as piores, estão certos. Eu sou bruta, sou difícil de me iludir, difícil de conquistar. Não por opção minha. Não sou assim por querer ser assim. Queria ser mais romântica, acreditar e achar lindo quando me elogiam. Mas odeio elogios. Não sei reagir à elogios. Não sei dizer "eu te amo" nem à minha mãe, quanto mais aos outros. É preciso conhecer cada fibra do meu cabelo, cada veia minha, cada peculiaridade, pra saber quando eu amo.
Mas um dia eu criei coragem e disse. Não lembro o que escrevi, mas não cheguei a dizer "eu te amo". Amar é algo muito sério pra mim. E agora estou com vontade de dizer de novo o que eu sinto pra você, embora você não vá ler, já que eu não tenho mais essa coragem. Estou escrevendo como um desabafo.
Acho que eu era apaixonada por você. Não fazia outra coisa além de pensar em você. E eu nem te acho bonito. Nem curto o seu estilo. E assim que eu tiver dinheiro, pretendo comprar roupas novas pra você. Seu cabelo melhorou, você cortou, aleluia! Agora você bem que podia usar aparelho e ajeitar os dentes. Mas você é muito relaxado com essas coisas, né? Isso me incomoda, mas não muda em nada o sentimento. Eu leio esses textos do Caio F. Abreu, Carpinejar, Tati Bernardi e nem sempre me identifico. Geralmente eles falam de uma pessoa bonita, do sorriso bonito, dos olhos bonitos, dos cabelos bonitos e até de um estilo que os atraí. Mas nada em você que meus olhos possam ver, me atraem. E ainda assim, eu sinto uma corrente elétrica passar por nós, de um para o outro. Seja lá o que me faz sentir atraída por você, não só psicologicamente, mas fisicamente, não é visível aos olhos. E tudo isso me enlouquece! Como eu posso ser tão ligada a você e nunca ter te beijado? Será que se a gente se beijar, o encanto acaba? Eu queria que a gente desse certo, mas morro de medo da gente dar certo. Contraditório, mas verídico. Eu não gosto dos seus defeitos, mas te aceitaria mesmo assim, se a gente namorasse. Você não gosta dos meus defeitos e acho que por isso a gente não namora. Porque você não consegue aceitar um amor que não seja utópico. Isso mesmo. Eu e você... Não temos um sentimento utópico um pelo outro. Você sabe, mesmo eu negando que não gosto mais de você, que eu gosto. Eu te dou patadas, eu te trato mal, eu digo que não sinto mais nada por você, mas você continua me olhando daquele jeito que me incomoda e afirmando que o que a gente tem, não acaba assim. Afirmando que eu minto pra você. E minto mesmo. O que eu mais amo e mais odeio em você é a mesma coisa; você me desarma. Você me conhece tão bem que me assusta. Ao mesmo tempo que me alegra saber que exista alguém que preste atenção em mim ao ponto de decifrar meu olhar. Eu só queria que depois de tudo isso, você percebesse que viver na realidade comigo, é melhor que viver o amor utópico com outra pessoa.
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