É sabido que as coisas aqui no Brasil não funcionam como deveriam. E de uns tempos para cá, me pego pensando em todo esse 'auê' criado em torno dos que são contra ou a favor da redução da maioridade penal. Antes de escutar os dois lados, eu era a favor. Crime é crime. Não adianta tentar justificar que o adolescente não sabe o que está fazendo, pois ele sabe sim. Sem uma avaliação do criminoso, não podemos saber se ele matou devido a uma série de fatores culturais e sociais ou se ele é um psicopata. Psicopatas não tem cura, vale ressaltar. Psicopatas também não deveriam ir para os presídios lotados e sem condições que nós temos no país, cumprir alguns anos de detenção e depois ser solto. Psicopatas não mudam. Cumprem sua pena e voltam a matar depois de um tempo. E os criminosos 'normais'? Provavelmente pouquíssimos, após serem soltos, tentam ter uma vida digna. A maioria aprende mais ainda sobre criminalidade nos presídios.
Não é que eu seja contra a maioridade penal, depois de repensar alguns aspectos. Mas eu acho que antes de tomar qualquer decisão a respeito dessa redução, há uma porção de coisas a se pensar, a mudar. Os presídios cada vez mais lotados, sem condições dignas de alojar seres humanos (não importando qual crime foi cometido, se não podemos tratar mal nem um animal, então também devemos respeito aos criminosos), a inexistência de programas para reeducar e re-inserir essas pessoas na sociedade (programas desse tipo podem até existir no papel, mas não funcionam na prática). São tantos detalhes, que até dá um nó na nossa cabeça.
Antes de pensar em como o sistema nas cadeias devem funcionar, temos que pensar e mudar a base da realidade da maioria. A educação teria que ser a primeira coisa a entrar nos trilhos. Educação de qualidade, salários dignos aos professores. A mudança seria lenta, pois a realidade social em que muitas crianças estão inseridas são desmotivantes. Mas a partir do momento em que as escolas públicas se tornarem de qualidade, com o decorrer dos anos, começaríamos a ver alguma mudança significativa. Menos bandidos nas ruas, menos bandidos na política. Mais profissionais qualificados, menos pobreza, mais empregos, moradias e qualidade de vida. E talvez assim, daqui há muitos anos (pois uma mudança desse tipo é bem lenta), uma maioridade penal reduzida fosse justificável, pois não se teria mais como defender os menores com a justificativa da sua classe miserável, da sua educação precária. Quem sabe... É um pensamento um tanto utópico da minha parte, mas não é um sonho impossível.